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terça-feira, 30 de maio de 2023

Paraíso Perdido-Autor Jonh Milton- Editora Martin Claret - 513 páginas

 




Confesso, quando  comprei ''Paraiso Perdido'' de Jonh Milton não estava nem um pouco preparado para essa obra. Fiquei com medo daquela linguagem arcaica, rebuscada e  mesmo assim ainda linda e fascinante ao folhear e tentar desvenda-lo .Uma escrita em versos, como pequenos poemas me assustou, tais versos  quando lidos pareciam cantados .Leia uma pequeno trecho do livro sobre a queda do lúcifer no final dessa resenha para se ter uma pequena ideia de sua escrita.
Então porque comprei  ''Paraiso Perdido''? Bom, a história já havia me chamado a atenção, sabia que seria uma leitura difícil na época, mas quem é leitor sabe como funciona nosso impulsos literários e comprei.

Ao iniciar a leitura me senti limitado literalmente e intelectualmente e um pouco decepcionado, pois parecia que eu  não daria conta dessa leitura clássica, então o deixei de lado ao meio a outros livros na espera de serem lidos.

Se passaram então QUINZE anos de ''Paraíso Perdido'' estar engavetado e quando fui ler o livro "O Demonologista" de Andrew Pyper, livro elogiado quando foi lançado, que me recordei de ''Paraíso Perdido'', pois o personagem principal do livro "O Demonologista" era um estudioso em demonologia especialista no livro "Paraíso Perdido "de Jonh Milton . Finalizado "O Demonologista" fui rapidamente reiniciar  "O Paraiso Perdido"  de Jonh Milton depois de QUINZE anos.


Já nos primeiros versos e algumas páginas depois, percebi que estava pronto para esse clássico absoluto. Com o livro em uma mão e o dicionário on-line do celular na outra ele fluiu e sim, seus  versos  soam como as mais belas  canções, tão antigas quanto a própria civilização como se fosse escrito por anjos celestias, ou apenas um anjo( o mais sábio segundo Milton) cuja sabedoria foge de nossa compreensão. Sim, isso é  ''Paraíso Perdido'' de Jonh Milton, e se tornou um dos melhores livros que ja tive prazer de ler em toda minha vida

Observações iniciais feitas, bora para a resenha?

RESENHA DO ÉPICO

Uma batalha épica se desenrola nas páginas do magnífico épico literário conhecido como "Paraíso Perdido", uma obra-prima intelectual imortalizada pela mente genial de John Milton. Nesta narrativa envolvente, o autor nos conduz através dos abismos do paraíso perdido(inferno) , explorando os recantos da alma humana e os conflitos cósmicos que moldam o destino da humanidade.

Milton desvela diante de nós uma guerra celestial, onde os exércitos celestiais e infernais colidem em uma batalha transcendental, repleta de grandiosidade e poder. O autor mergulha profundamente na psicologia dos personagens, cativando-nos com suas motivações e questionamentos, enquanto eles se debatem entre a luz e as trevas, o bem e o mal.

No cerne desta trama épica está o angélico rebelde Lúcifer, um ser de beleza e magnificência inigualáveis, cujo orgulho e ambição o levam à queda. Sua queda do paraíso é retratada com uma eloquência ímpar, enquanto o leitor se vê arrebatado pelos dilemas morais e pelas profundas reflexões sobre a liberdade e a escolha.

E assim, o Paraíso Perdido se desdobra diante de nós, revelando um panorama vasto e assombroso. Milton nos guia pelas paisagens infernais do Pandemônio, onde demônios sedutores tramam suas teias enganosas e onde o próprio Satanás, embora caído, ainda exala uma aura carismática e arrebatadora.

Porém, em meio a essa escuridão, a luz da esperança brilha através dos protagonistas divinos, como o arcanjo Miguel, cuja força e coragem nos inspiram, e Adão e Eva, os primeiros seres humanos, que se veem diante de escolhas cruciais que moldarão o destino da humanidade.

A escrita de Milton é como uma sinfonia celestial, com palavras que dançam em harmonia, ressoando nos corações dos leitores. Sua prosa majestosa e repleta de imagens vívidas pinta um quadro épico, imortalizando cada página com a intensidade das emoções humanas, as lutas internas e as tramas complexas que se desenrolam nos bastidores divinos.

"Paraíso Perdido" é mais do que um mero livro; é uma jornada literária que nos transporta além dos limites da imaginação. É uma obra-prima que desafia as convenções, revela os segredos mais profundos do universo e nos deixa maravilhados com a vastidão da criação literária. Prepare-se para ser seduzido pelo poder da palavra e pela grandiosidade do épico, enquanto mergulha de cabeça neste tesouro da literatura universal.


CURIOSIDADES

Quem foi Jonh Milton o autor de Paraiso Perdido?

John Milton nasceu em 9 de dezembro de 1608, em Londres, Inglaterra. Ele foi o filho mais velho de John Milton Sr. e Sarah Jeffrey, uma família de classe média alta. Milton recebeu uma educação rigorosa em casa e frequentou a St. Paul's School em Londres, onde demonstrou talento precoce para a poesia e a escrita.

Mais tarde, Milton ingressou no Christ's College, na Universidade de Cambridge, onde estudou teologia, literatura clássica e línguas modernas
Durante seus estudos, ele aprofundou sua paixão pela poesia e desenvolveu um domínio excepcional do latim e do grego.


Após concluir seus estudos em Cambridge, Milton pretendia se tornar um clérigo, mas sua visão cada vez mais crítica em relação à Igreja da Inglaterra e sua rejeição ao episcopado estabelecido o levaram a abandonar esses planos. Em vez disso, ele decidiu dedicar-se à escrita e à defesa de suas convicções políticas e religiosas.

Milton se tornou um prolífico escritor, produzindo poesia, prosa política e teológica, além de seus famosos trabalhos épicos. Ele estava envolvido nas questões políticas e religiosas de seu tempo e foi um fervoroso defensor da liberdade de expressão e da liberdade religiosa.

Durante a época da Guerra Civil Inglesa, Milton se posicionou ao lado dos puritanos e apoiou a causa parlamentar. Ele escreveu panfletos políticos, como "The Tenure of Kings and Magistrates" (A Tenure of Kings and Magistrates), defendendo a execução do rei Carlos I
Mais tarde, ele ocupou um cargo oficial no governo republicano de Oliver Cromwell.


Após a Restauração da monarquia, em 1660, Milton foi preso brevemente e suas obras políticas foram queimadas publicamente. No entanto, ele foi liberado e se dedicou à escrita de suas obras finais.

John Milton faleceu em 8 de novembro de 1674, em Londres. Sua contribuição para a literatura inglesa e seu legado como poeta e pensador político são amplamente reconhecidos. Ele é considerado um dos maiores escritores do século XVII e um dos mais importantes poetas da língua inglesa.



Quando foi escrito Paraíso Perdido de Jonh Milton? 

"Paraíso Perdido" foi escrito por John Milton e sua composição ocorreu entre os anos de 1658 e 1663. A obra foi publicada pela primeira vez em 1667.


Quais foram as inspirações de Jonh Milton? 


Milton encontrou inspiração em diversas fontes para a criação de seu épico. Uma das principais influências foi a narrativa bíblica do Gênesis, especificamente a história da criação do mundo, a queda de Lúcifer e a expulsão de Adão e Eva do Jardim do Éden. Milton mergulhou profundamente nas escrituras sagradas, reinterpretando e expandindo os eventos e personagens para criar uma visão única e complexa.

Além disso, Milton também foi influenciado pelas obras clássicas da literatura greco-romana, como as epopeias de Homero e Virgílio. Ele incorporou elementos dessas tradições épicas em seu próprio estilo, criando uma mistura de mitologia clássica e cristianismo.

Outra inspiração para Milton foi o contexto histórico e político em que ele vivia. Durante o período da escrita de "Paraíso Perdido", a Inglaterra passava por uma época de grandes mudanças políticas e religiosas, incluindo a Guerra Civil Inglesa e a subsequente instauração do regime puritano sob Oliver Cromwell. A visão de Milton sobre o livre-arbítrio, a tirania e a liberdade religiosa encontram reflexo em sua obra.
Assim, Milton combinou elementos bíblicos, clássicos e políticos para criar uma narrativa rica e complexa que explora temas universais, como o bem e o mal, a queda e a redenção, a liberdade e a escolha humana.


Jonh Milton escreveu outros livros? 

Sim, John Milton escreveu várias outras obras além de "Paraíso Perdido". Ele foi um autor prolífico e suas contribuições para a literatura são significativas. Alguns de seus trabalhos mais conhecidos incluem:

"Paraíso Recuperado" (Paradise Regained): Publicado em 1671, é uma continuação de "Paraíso Perdido". Nesta obra, Milton retrata a tentação de Cristo no deserto e explora temas de redenção e resistência ao mal.

 Paradise Regained
                                  

"Samson Agonistes": Publicado em 1671, é um drama poético baseado na história bíblica de Sansão. O trabalho aborda questões de liberdade, obediência a Deus e resistência à opressão.

"Areopagitica": Publicado em 1644, é um discurso em forma de panfleto no qual Milton defende a liberdade de expressão e condena a censura.
 
Areopagitica


"Ode a Natividade": Um poema escrito em 1629, que celebra o nascimento de Jesus Cristo.

"Sonetos"
: Milton escreveu uma coleção de sonetos, que incluem reflexões sobre a política, a religião e a vida pessoal.


Essas são apenas algumas das obras mais conhecidas de John Milton. Ele também produziu diversos escritos políticos, religiosos e polêmicos ao longo de sua vida. Sua contribuição para a literatura inglesa é amplamente reconhecida e ele é considerado um dos maiores poetas da língua inglesa.



Trecho de Paraiso Perdido no qual o autor Jonh Milton descreve com maestria a queda de Lúcifer e seus asseclas

''Aspirando no Empíreo a ter assento
De seus iguais acima, destinara
Ombrear com Deus, se Deus se lhe opusesse,
E com tal ambição, com tal insânia,
Do Onipotente contra o Império e trono
Fez audaz e ímpio guerra, deu batalhas.
Mas da altura da abóbada celeste
Deus, coa mão cheia de fulmíneos dardos,
O arrojou de cabeça ao fundo Abismo,
Mar lúgubre de ruínas insondável,
A fim que atormentado ali vivesse
Com grilhões de diamante e intenso fogo
O que ousou desafiar em campo o Eterno.

Pelo espaço que abrange no orbe humano
Nove vezes o dia e nove a noite,
Ele com sua multidão horrenda,
A cair estiveram derrotados
Apesar de imortais, e confundidos
Rolaram nos cachões de um mar de fogo.
Sua condenação, porém, o guarda
Para mais fero horror: e vendo agora
Perdida a glória, perenal a pena,
Este duplo prospecto na alma o punge.

Lança em roda ele então os tristes olhos
Que imensa dor e desalento atestam,
Soberba empedernida, ódio constante:
Eis quando de improviso vê, contempla,
Tão longe como os anjos ver costumam,
A terrível mansão, torva, espantosa,
Prisão de horror que imensa se arredonda
Ardendo como amplíssima fornalha.
Mas luz nenhuma dessas flamas se ergue;
Vertem somente escuridão visível
Que baste a pôr patente o hórrido quadro
Destas regiões de dor, medonhas trevas
Onde o repouso e a paz morar não podem,
Onde a esperança, que preside a tudo,
Nem sequer se lobriga: os desgraçados
Interminável aflição lacera
E de fogo um dilúvio alimentado
De enxofre abrasador, inconsumptível.

A justiça eternal tinha disposto
Para aqueles rebeldes este sítio:
Ali foram nas trevas exteriores
Seu cárcere e recinto colocados,
Longe do excelso Deus, da luz empírea,
Distância tripla da que os homens julgam
Do centro do orbe à abóbada estrelada.
Oh! como esse lugar, onde ora penam,
É diverso do Céu donde caíram!

Logo o monstro descobre a turba vasta
Dos tristes que na queda tem por sócios
Arfando em tempestuosos torvelinos
Do undoso lume que hórrido os flagela.
Próximo dele ali coas vagas luta
O anjo, imediato seu em mando e crimes,
Que foi chamado nas vindouras eras
Belzebu, nome à Palestina grato.

Então o arqu’inimigo, que no Empíreo
Foi chamado Satã desde esse tempo,
O silêncio horroroso enfim quebrando,
Nesta frase arrogante assim lhe fala:

“És tu, arcanjo herói! Mas em que abismo
Te puderam lançar! Como diferes
Do que eras lá da luz nos faustos reinos,
Onde, sobre miríades brilhantes,
Em posto tão subido fulguravas!
Mútua liga, conselhos, planos mútuos,
Esperanças iguais, iguais perigos
Uniram-nos na empresa de alta glória;
Mas agora a desgraça nos ajunta
Deste horrível estrago nos tormentos!
Caídos de que altura e em qual abismo
Nos achamos aqui tão derrotados!
Co’os raios tanto pôde o que é mais forte.
Té’gora quem sabia ou suspeitava
Dessas armas cruéis a valentia?




 

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